sexta-feira, 22 de março de 2013

Vislumbres pela neblina...

Diário do Eu sozinho 21/22 do 03/13


Silêncio...


Ontem foi um dia muito cheio. Tive muitas coisas pra resolver. Desde que cheguei em Minas virei um misto de enfermeira secretária babysiter de cachorro com uma pessoa tentando levar a vida depois de algo meio (na verdade quero dizer muito) doloroso. Mas enfim, a vida segue.

E segue mesmo. Então, ontem a noite, ao entrar no Facebook, por onde tenho tentado manter contato com os amigos e pessoas que fazem parte do meu cotidiano normalmente constatei que a vida realmente segue e existe algo de estranho nisso. De repente senti que muito pouco de tudo aquilo que via me dizia respeito. Até uma semana a trás me sentia tão integrada e atuante e sinceramente conectada com o que via e escrevia e compartilhava e ontem ao abrir a página do Face fui surpreendida. O mundo seguiu e eu constatei que eu não.

Me senti a parte de tudo o que vi e li e compartilhei forçosamente como quem toma uma sopa necessária a convalescência, mas de sabor intolerável. A alegria e vivacidades alheias, antes tão prazerosas de acompanhar, as causas políticas antes tão necessárias de se engajar, os absurdos tão impossíveis de não me chocar... Tudo me doía com a violência de quem esmurra um caixão de vidro enquanto vê o mundo lá fora. Me senti presa. Pior que isso. Me senti em Silent Hill.

Me levantei do computador e fui até a sala de onde constatei uma neblina tão intensa que realmente por alguns instantes julguei estar em Silent Hill. Temi por alguns segundos o modo hell... as coisas já andam tão estranhas, nem quero pensar em um modo hell...

Resolvi botar um cd do Supertramp pra ver se meu astral melhorava um pouco.

Fui resgatada por meu irmão que me enviou um vídeo engraçado. Mas fui nocauteada por outro que também tinha a mesma intenção mas desceu errado.

Como água que nos engasga. Desafoguei e chovi por um tempo.

Que acontece??? O que acontece comigo???

Parece que fui arrancada da minha vida. E não entendo o enigma dessa fase.

Onde está a lição que não vejo? É como se me quisessem dizer que não fui grata o suficiente pela vida que tinha, que era feliz e não sabia. Mas eu sabia e sempre fui muito grata. Mesmo xingando tanto por tão pouco às vezes. O problema é esse?

Não deveria reclamar tanto?

Não deveria me irritar tanto?

Deveria ser mais mansa?

Não entendo o que devo apreender disso tudo.

É realmente como se tivessem me tirado de minha própria vida para que eu a olhasse de longe como a um estranho.

Me sinto perdida, sinto falta de como vivia.

E ao mesmo tempo, não entendo o que a vida quer que eu seja. Eu sei quem sou?. Por que isso parece ser um problema pros demais. Por que preciso ir contra a corrente?

Nada faz muito sentido ultimamente.


Então encontrei uma série de videozinhos feitos em meados de 2005/2006 logo que deixei Uberlândia e me relembrei do quanto sofri ao deixar a cidade onde pude pela primeira vez em minha vida ser eu mesma e viver minha própria estória. A música pode até ser o auge da pieguice mas é legítima.


 

Então me deparo com uma série de lembranças de quem já fui do que já construí e vivi e deixei e me perdi e voltei a construir e parei e voltei e sumi e apareci e voltei a construir...Tão cansativo...


Gosto tanto de estar comigo mesma e fazer a única coisa que realmente tenho prazer nessa vida que é me expressar seja dançando, atuando, cantando, cozinhando ou fazendo qualquer outra tarefa e isso em si é tão bom.

Às vezes tenho a nítida sensação que eu deveria ir pruma tribo de índios hight tech.

Modus opernadi indígena num mundo de recursos e facilidades tecnológicas.

Pra mim seria uma junção interessante.

Um lugar onde aprecisássemos a companhia uns dos outros e compartilhássemos o que de melhor sabemos fazer.

Construir, desenvolver ferramentas, plantar, pesquisar e desenvolver substâncias curativas, desenvolver formas de alimentos melhorados, enfim, toda a gama de profissões desenvolvidas em prol de nós mesmos e compartilhadas com todos. Ao invés disso vejo uma multidão de trabalhadores infelizes hipnotizados por uma mídia violentamente invasiva e desgraçadamente eficiente em gerar ilusões de felicidade instantâneas e superficiais extremamente caras o bastante para mantê-los escravizados.

Se eu fosse um pedreiro acharia bacana se em troca do meu trabalho na comunidade, construindo casas, pontes, locais de diversão coletiva, tivesse meu pagamento em alimentos, tratamento de saúde, segurança , roupas e outros materiais de uso diário, aulas de várias disciplinas desde as fundamentais as mais diversas, dependendo do meu gosto, como aprender música ou outras línguas, ver o futebol ou a pescaria. Usufruir de tecnologias inventadas e desenvolvidas por outros cujo prazer seja fazê-los. Ao invés de receber o equivalente (valorado por quem mesmo???) em dinheiro e ver minha família passando necessidades e sendo humilhado como um ser inferior, que virou pedreiro por que não teve condição de “ser”alguém melhor.

 Assim, aquele que literalmente constrói o mundo que habitamos é inferiorizado em detrimento de outros que  prometendo vantagens e benefícios, inúmeras coisas das quais não precisamos, inúmeras leis que não funcionam, recebem o seu equivalente numa balança que manterá por toda a eternidade o primeiro em estado de escravidão e miséria. 



Nem cheguei nas artes que normalmente levam a fama dos vagabundos. Pela minha lógica o mundo está muito doente,pois, a maioria de seus habitantes vive em miséria quando existe tanta abundância. Pela minha lógica eu estou tentando ficar sã. Mas é um a tarefa árdua.

Filosofias a fins. A cruz pode até ser o caminho, mas não é nada confortável.

Que ao fim desta fase, ao encontrar finalmente o chefe, eu tenha as respostas necessárias pra seguir adiante.
Encerro o dia de hoje com essa canção do Supertramp.

Buenas!

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