Diário do Eu sozinho 21/22 do 03/13
Silêncio...
Ontem
foi um dia muito cheio. Tive muitas coisas pra resolver. Desde que cheguei em
Minas virei um misto de enfermeira secretária babysiter de cachorro com uma
pessoa tentando levar a vida depois de algo meio (na verdade quero dizer muito)
doloroso. Mas enfim, a vida segue.
E
segue mesmo. Então, ontem a noite, ao entrar no Facebook, por onde tenho
tentado manter contato com os amigos e pessoas que fazem parte do meu cotidiano
normalmente constatei que a vida realmente segue e existe algo de estranho
nisso. De repente senti que muito pouco de tudo aquilo que via me dizia
respeito. Até uma semana a trás me sentia tão integrada e atuante e sinceramente
conectada com o que via e escrevia e compartilhava e ontem ao abrir a página do
Face fui surpreendida. O mundo seguiu e eu constatei que eu não.
Me
senti a parte de tudo o que vi e li e compartilhei forçosamente como quem toma
uma sopa necessária a convalescência, mas de sabor intolerável. A alegria e
vivacidades alheias, antes tão prazerosas de acompanhar, as causas políticas
antes tão necessárias de se engajar, os absurdos tão impossíveis de não me
chocar... Tudo me doía com a violência de quem esmurra um caixão de vidro
enquanto vê o mundo lá fora. Me senti presa. Pior que isso. Me senti em Silent
Hill.
Me
levantei do computador e fui até a sala de onde constatei uma neblina tão
intensa que realmente por alguns instantes julguei estar em Silent Hill. Temi
por alguns segundos o modo hell... as coisas já andam tão estranhas, nem quero
pensar em um modo hell...
Resolvi
botar um cd do Supertramp pra ver se meu astral melhorava um pouco.
Fui
resgatada por meu irmão que me enviou um vídeo engraçado. Mas fui nocauteada
por outro que também tinha a mesma intenção mas desceu errado.
Como
água que nos engasga. Desafoguei e chovi por um tempo.
Que
acontece??? O que acontece comigo???
Parece
que fui arrancada da minha vida. E não entendo o enigma dessa fase.
Onde
está a lição que não vejo? É como se me quisessem dizer que não fui grata o
suficiente pela vida que tinha, que era feliz e não sabia. Mas eu sabia e
sempre fui muito grata. Mesmo xingando tanto por tão pouco às vezes. O problema
é esse?
Não
deveria reclamar tanto?
Não
deveria me irritar tanto?
Deveria
ser mais mansa?
Não
entendo o que devo apreender disso tudo.
É
realmente como se tivessem me tirado de minha própria vida para que eu a
olhasse de longe como a um estranho.
Me
sinto perdida, sinto falta de como vivia.
E ao
mesmo tempo, não entendo o que a vida quer que eu seja. Eu sei quem sou?. Por
que isso parece ser um problema pros demais. Por que preciso ir contra a
corrente?
Nada faz
muito sentido ultimamente.
Então
encontrei uma série de videozinhos feitos em meados de 2005/2006 logo que
deixei Uberlândia e me relembrei do quanto sofri ao deixar a cidade onde pude
pela primeira vez em minha vida ser eu mesma e viver minha própria estória. A música pode até ser o auge da pieguice mas é legítima.
Então me deparo com uma série de lembranças de quem já fui do que já construí e vivi e deixei e me perdi e voltei a construir e parei e voltei e sumi e apareci e voltei a construir...
Gosto tanto de estar comigo mesma e fazer a única coisa que realmente tenho prazer nessa vida que é me expressar seja dançando, atuando, cantando, cozinhando ou fazendo qualquer outra tarefa e isso em si é tão bom.
Às
vezes tenho a nítida sensação que eu deveria ir pruma tribo de índios hight
tech.
Modus
opernadi indígena num mundo de recursos e facilidades tecnológicas.
Pra
mim seria uma junção interessante.
Um
lugar onde aprecisássemos a companhia uns dos outros e compartilhássemos o que
de melhor sabemos fazer.
Construir,
desenvolver ferramentas, plantar, pesquisar e desenvolver substâncias
curativas, desenvolver formas de alimentos melhorados, enfim, toda a gama de
profissões desenvolvidas em prol de nós mesmos e compartilhadas com todos. Ao
invés disso vejo uma multidão de trabalhadores infelizes hipnotizados por uma
mídia violentamente invasiva e desgraçadamente eficiente em gerar ilusões de
felicidade instantâneas e superficiais extremamente caras o bastante para mantê-los
escravizados.
Se eu
fosse um pedreiro acharia bacana se em troca do meu trabalho na comunidade,
construindo casas, pontes, locais de diversão coletiva, tivesse meu pagamento
em alimentos, tratamento de saúde, segurança , roupas e outros materiais de uso
diário, aulas de várias disciplinas desde as fundamentais as mais diversas,
dependendo do meu gosto, como aprender música ou outras línguas, ver o futebol
ou a pescaria. Usufruir de tecnologias inventadas e desenvolvidas por outros cujo
prazer seja fazê-los. Ao invés de receber o equivalente (valorado por quem
mesmo???) em dinheiro e ver minha família passando necessidades e sendo
humilhado como um ser inferior, que virou pedreiro por que não teve condição de
“ser”alguém melhor.
Assim, aquele que literalmente constrói o mundo
que habitamos é inferiorizado em detrimento de outros que prometendo vantagens e benefícios, inúmeras
coisas das quais não precisamos, inúmeras leis que não funcionam, recebem o seu
equivalente numa balança que manterá por toda a eternidade o primeiro em estado
de escravidão e miséria.
Nem
cheguei nas artes que normalmente levam a fama dos vagabundos. Pela minha lógica
o mundo está muito doente,pois, a maioria de seus habitantes vive em miséria quando
existe tanta abundância. Pela minha lógica eu estou tentando ficar sã. Mas é um
a tarefa árdua.
Filosofias
a fins. A cruz pode até ser o caminho, mas não é nada confortável.
Que ao
fim desta fase, ao encontrar finalmente o chefe, eu tenha as respostas
necessárias pra seguir adiante.
Encerro o dia de hoje com essa canção do Supertramp.Buenas!
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