Diário do EU sozinho - 07/03/13
Dando continuidade aos passos iniciados ontem, continuo num
misto das fases de mudança e informação aos próximos e queridos sobre o ocorrido. Hoje foi o dia de minha mãe. Ela não pareceu feliz com a notícia, mas
se contentou em perguntar como eu estava e se a iniciativa havia sido minha ao
que respondi negativamente, em ambas. Não, não fui eu quem tomou a iniciativa e
não, também não estou 100% mas estou ok. Por hoje é o suficiente estar ok visto
o ontem em que não estava ok e o anteontem em que eu estava péssima.
Passei a madrugada assistindo a vídeos de como “arrumar sua
casa”, como “arrumar sua carreira” e como “arrumar sua vida” enfim. Me arrumei
bem ontem e hoje realmente passei o dia arrumando coisas. Roupas, documentos,
papéis, objetos diversos, numerosos e complicados. Fui tentando simplificá-los
como quem tenta simplificar a vida. Por volta do fim da tarde quando fui
almoçar me deliciei com um trecho de uma entrevista dada por Jane Fonda à GNT
(canal que, aliás, redescobri na web e me apaixonei!) dá pra assistir por aqui o vídeo da entrevista
Na entrevista Jane diz à repórter que ainda estamos muito
longe de termos direitos igualitários e que o mundo ainda precisa mudar muito e
não é pouco não. Mas o que mais me encantou foi o fato dela dizer que está no 3º ato de sua vida. Os últimos 30 anos de
vida. Jane Fonda se encontra com 75 anos. Como se cada trinta anos
correspondesse a um ato. Pela expectativa de vida que possuímos ultimamente é
bem possível colocar as coisas dessa forma. Vide que aos trinta anos passamos
pela grande curva em relação ao nosso
amadurecimento, ou como dizem alguns médicos, quando começamos a definhar. E os
sessenta anos outra grande curva, onde alguns começam de fato a ficarem senis
ou a desenvolverem doenças degenerativas graves. Os supostos últimos trinta
anos que teoricamente durariam dos sessenta aos noventa anos seria o último
ato. Ela diz na entrevista que quer viver bem esse último ato e pra isso é
preciso refletir sobre o que se fez e o que se foi nos últimos anos. Uma auto
investigação sobre si e sobre sua própria história.
Fiquei mais uma vez encantada com essa mulher que conheci
através dos livros pela experiência, pelo questionamento de quem ainda não têm todas
as respostas, de quem continua se perguntando sobre si , que ainda esta se
tornando algo a cada dia. Ela ainda está se tornando quem ela é. Isso é
maravilhoso vindo de uma pessoa que já adentrou o terceiro ato de sua vida. Ela
está ok consigo, mas quer saber e sentir mais. Longe do ideal de perfeccionismo
impingido por uma mídia de massa alienante que ordena a todos serem 100% em tudo o tempo
todo, Jane Fonda aos 75 anos quer estar plena dela mesma e melhor que isso,
ainda está entendendo quem ela é.
Isso realmente me
motiva. Foi um presente ouvir suas palavras. Sentir sua energia, que é única e
forte e presenciar sua postura que é ímpar e me serve muito de referência sobre
quem quero ser. Pois estou assim como ela entendendo quem sou e o que quero
ser. Estou no início do meu segundo ato e entre “O império contra- ataca” e “As
duas Torres” ainda não decidi qual será meu gênero e nem que linha vou seguir.
Só sei que esse ato não comporta desfechos, é o grande momento das tramas se
desenvolverem, os primeiros trinta anos foram à apresentação de quem é quem e
como é esse mundo que me cerca. Agora é chegada a hora de desenvolver essa
estória e isso às vezes é bem confuso. Pois bem. Nem sempre dá pra entender mesmo... Determinadas coisas que
acontecem agora só serão explicadas mais a frente. Todo bom roteirista entende
isso. Acredito que talvez esse tenha sido o motivo de Jung gargalhar quando
enfim chegou a hora de cerrar as cortinas do seu próprio espetáculo. Espero
poder fazer o mesmo quando chegar minha hora.
Mas como ainda falta, ainda estou aqui, me sinto grata por
ter a oportunidade de pensar sobre mim mesma com essa clareza.
Encerro o dia de hoje com mais trabalho e a conclusão de que
meu corpo é muito sensível e por mais que eu queira demonstrar força ele me
condena doendo, deixando minhas mãos trêmulas e frias e me causando vertigens e
muito mal estar. De fato, o corpo não mente.
Ainda estou muito frágil. Ainda preciso curar. “- Eu não
tenho um barco, disse a árvore.”
Não. Eu não tenho um barco. Digo eu. Obrigada Cícero A
despeito do tema, hoje a trilha é esta e o refrão realmente é sem graça.
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