quarta-feira, 13 de março de 2013

Metamorfose Ambulante

Diário do Eu sozinho 13/03/13

O dia em que comecei a descamar.

Não é fácil trocar de pele. Quem já viu cascas de cigarras e casulos de borboletas sabe do que estou falando. Nós humanos trocamos constantemente de pele. Ela está em um processo contínuo de descamação e renovação. A RENOVAÇÃO CELULAR DA PELE  em uma pessoa saudável acontece mais ou 
menos uma vez à cada 28 dias. Assim podemos dizer que a cada mês temos uma pele novinha em folha pra desfilar por aí... 
Peelings e outros procedimentos invasivos à parte, gostei de saber que esse período coincide com o período menstrual que também dura em média 28 dias. O que coincide com o período de luto pregado por moisés. 30 dias. Um mês. 


Como sempre fui uma pessoa ligada a Perséfone e sua introspecção e reflexão, me dei o período de sessenta dias pra recolocar minha vida e minha pessoa nos eixos (móveis da vida). Literalmente, me dei esse tempo pra virar a página. E começo a perceber que talvez, 30 dias sejam suficientes pra minha organização interna. Os demais 30 dias virão pra me reorganizar externamente.


Porque sim, a nossa organização externa é algo tão complexo quanto a nossa organização interna. Internamente tive que ter paciência comigo mesma, que a princípio não queria comer, nem dormir, nem fazer nada que me lembrasse a perda. Tive de reconquistar passo a passo a calma e o bem estar.

Primeiro: Conseguir normalizar meu sono e apetite foram conquistas necessárias. E mais que bem vindas.
Segundo: Controlar minha ansiedade e manter a calma em situações de encontro.
Terceiro: Aliviar a angústia de estar só em diversas atividades da casa que eram feitas juntas.
Quarto e não menos importante: Voltar a realizar essas tarefas com vontade e um mínimo de satisfação.

Agora começo a vislumbrar o que vêm adiante. O externo. Ou entorno. As pessoas e situações à minha volta, afinal, sou uma mulher de 33 anos sozinha. Não tenho marido, nem filhos, nem ninguém morando comigo pra dividir tarefas, ou despesas ou ainda o tempo ocioso (por enquanto inexistente graças ao meu contínuo esforço em me manter ocupada). 

Ainda colocando o castelo em ordem vejo, da torre, as estradas e campos além da fossa que circunda minha construção. Antes tinha um nobre e fiel escudeiro que guardava meus portões com bravura.
Hoje, conto com um portão de ferro e uma fechadura tetra dupla. E com a companhia dos vizinhos que me cercam e me conhecem e farão algo se por desventura eu tiver problemas.

Mas sei que fora desse cerco estou a mercê de muitas coisas. Santa Teresa anda intranquila. O que me deixa intranquila. Sei que segurança é algo ilusório, mas sentir o perigo próximo é algo que descontrola a ansiedade. Se antes tinha dias em que ouvia barulhos estranhos, daqui pra diante minha audição ficará pior que de tuberculoso. Todo cuidado é pouco por agora e estou mais atenta que nunca!

Bom saber que tenho bons vizinhos que também me cercam. Assim como eu a eles, assim funcionamos desde a antiguidade. Comunidades que se protegem.

Senão será apenas "O céu que nos protege..." 




Buenas...

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