domingo, 31 de maio de 2020

DO ALTO DA TORRE

Do alto da torre se trata de um compêndio, uma mini coletânea de textos, áudios e vídeos pertencentes ao processo de construção de cenas para o congênere "Um feito" dividido em cinco partes. Cinco pequenos congêneres em si.

Prólogo - Uma fábula para uma família.
I Ato - Um feito para uma feita.
II Ato -Um fado para uma foda.
III Ato -Um fecho para uma fenda.
Epílogo - Um f...  para vocês!

Os textos vêm sendo escritos e compilados pela atriz Anna Machado ao longo dos últimos 20 anos. Muitos foram escritos durante sua adolescência e outros tantos espalhados pelo espaço tempo da vida recém adulta. 
Da infância, apenas um diário. Ali descrevia seu cotidiano. Mas depois do terceiro dia , já entediada, sumia por completo do diário que se tornava semanário e até mensal. 
Querido Diário era como sempre começava. 
Querido Diário. 
Depois, querido Di, pois já estavam íntimos.
Di, era o receptáculo de pequenos acontecimentos cotidianos, ali ela depositava seu dia a dia, futilidades e outras pequenas mentiras. Mas o que realmente havia de cruel em sua vida passava longe daquelas linhas. Nunca registrou em lugar nenhum as violências que sofreu. Os medos, as decepções. Os abusos. O ser obrigada a amadurecer antes do tempo, ser colhida ainda imatura pra tantas coisas. 
Assim, construiu ao seu redor um muro de hera, tão encantador, que ninguém que a conhecesse na superfície poderia imaginar haver tantos universos sob sua pele. Um casulo de seda. Delicado e extremamente forte. Pra que escondida entre as heras do muro, pudesse realizar seu ciclo.

Um feito para uma feita é o resultado destes primeiros 20 anos de criação poética e performática. Onde os relatos, poemas, contos, notas escritas em bares, postais de tantos lugares, cartas de amigos, amores e pares, formam essa rede intrincada que é uma encenação.

Um fado para uma foda segue os próximos 20 anos de criação da atriz que durante esse percurso de tempo participou de inúmeras formas diferentes de arte. Cenas, espetáculos, performances, apresentações, aulas, palestras, itinerâncias, shows e concertos sem fim. Uma vida cheia de arte, plena do ato de criar, gerar e germinar sonhos. 
Veio a lavoura e veio a colheita e veio o momento da refazenda, da natureza interna, de aprender a dar tempo ao tempo, não acelerar um processo que precisa ser respeitado. 

Um fecho para uma fenda é uma projeção. É poesia pura com os devaneios e fantasias da atriz que no auge dos seus quarenta anos, em meio à uma pandemia, resolve contar seu feito pra humanidade ( risos) É uma provocação com o sincrodestino. É uma maneira de encerrar um congênere, pois nunca saberemos o que virá depois. Não é mórbido. É lírico. É onírico. Psicomágico.  

Por agora, acredito que basta de falar. 
Em breve, mais materiais irão surgir por aqui. 

Bem vindos ao

Do alto da torre  



domingo, 23 de agosto de 2015

Sobre Borboletas e Mariposas

Uau....
E lá se vai bem mais de um ano sem escrever uma única linha neste blog...
Nem quero narrar tudo o que se passou...
Nunca tive pretensões literárias com este monólogo moderno de blog, apenas uma ferramenta diária de "me empurre aqui por favor que eu não estou conseguindo sair do lugar!"...

E nesse novo ano que se inicia, depois de ouvir incessantemente que eu já sou o melhor de mim, que preciso apenas relaxar e me aceitar exatamente como sou em contraponto com todos os exercício que vivo iniciando e deixando de lado em busca de um auto aperfeiçoamento-fortalecimento-mamãe quero ser foda... chego à conclusão de que talvez meu grande equívoco se resuma à uma metáfora quase cafona... confundindo durante esses 20 anos borboletas e mariposas.

Durante um tempo, particularmente intenso e muito relevante da minha vida me identifiquei com as borboletas. Eu as via como um símbolo de minha própria psiquê; um totem, um guia xamânico.
Após algumas venturas e desventuras e um coração bem partido, conclui que minha borboleta havia se tornado um resistente e resiliente corvo. Animal não tão espalhafatoso, mas muito forte e extremamente simbólico como tal.

Recentemente ouvi algo que me despertou novamente a atenção a respeito das borboletas. Descobri que muitas vezes confundimos borboletas e mariposas.
As mariposas possuem algumas diferenças gritantes em relação as borboletas. Uma delas é o fato das borboletas serem diurnas e as mariposas serem noturnas. Outro fato são as cores, vibrantes nas borboletas e suaves nas mariposas. O que têm ligação direta com seus hábitos diurnos e noturnos. Mas o mais interessante é o fato de que apenas as mariposas constroem seus casulos com fios de seda. As borboletas não possuem tal habilidade.
Então, fechei meus olhos e recordei com atenção da noite em que descobri que meu animal interior era uma borboleta e pasma conclui que cometi um grande erro ao confundir uma enorme mariposa com uma borboleta. Aquele animal que deu um rasante na minha cara às oito da noite em pleno cerrado senhoras e senhores, não era uma borboleta... E como tudo fez sentido agora...
Passei a vida toda tentando ser um borboleta, tentando brigar com meus hábitos noturnos, tentando me convencer de que não acordar as 6 da manhã pra fazer cooper era um pecado mortal, tentando ser colorida e vibrante e emperiquitada como toda boa mulher ultra feminina é, quando sempre me caíram melhor os tons suaves e o despojamento. Quase masculino até, segundo algumas más línguas. Talvez a única coisa com a qual sempre estive confortável em todos esses anos, seja o fato de sempre construir minhas crisálidas com fios de seda. Sempre. Tal qual a ostra no oceano com suas pérolas. Sempre fiz de meus tormentos, minhas rupturas, minhas mais duras aprendizagens e transformações, algo belo e admirável. Algo do qual, apesar de tudo, eu pudesse me orgulhar.

Começo meu ano novo, com um presente diferente de mim mesma. Aceitação sobre quem realmente sou. Continuo amando as borboletas como seres lindos e admiráveis que são. Começo a amar as mariposas com um olhar embasbacado de quem nota e percebe finalmente o ser encantador que sempre esteve ali do lado encoberto pelas expectativas alheias...

Daqui pra diante uma nova jornada se inicia... Nem sei dizer se de auto-conhecimento como foram tantas outras... Mas principalmente de auto-aceitação. Cansei de brigar com quem realmente sou.E que seja bem vinda minha Estação Mariposa!

terça-feira, 15 de abril de 2014

20 anos da Oficina de artes Cênicas Sebastião Furlan


O face me pergunta:
- No que você está pensando?
Em muitas coisas ...
Pensando sobre a vida, sobre o fazer teatral, sobre arte, cultura, comportamento social... Sobre o que tenho vivido em São Sebastião do Paraíso nesses últimos dias.
Sobre o ensaio maravilhoso que tive ontem e o prazer de voltar a trabalhar com pessoas tão queridas.
Meu ofício não é simples.
Arte não é simples.
Entender a cultura de um local específico, nunca é simples. Se estamos imersos nela então... é tarefa árdua...
Vejo que com o tempo nos apropriamos de determinados conhecimentos e nos apuramos à respeito de outros.
Aprendemos novos olhares e desaprendemos a lidar com certas formas de olhar.
Nos surpreendemos com a disponibilidade de uns e a resistência de outros.

Tenho andado profundamente emocionada e orgulhosa de poder estar vivenciando isso tudo.
Quero deixar aqui mais uma homenagem (pois tenho certeza de que elas nunca serão suficientes...) a duas pessoas que me ensinaram muito.

Mais que teatro, com elas aprendi a paixão pelo meu ofício, o respeito pelos meus companheiros de cena e de trabalho, o sacrifício pelas escolhas nem sempre fáceis, a determinação de quem sabe que a vida sem  arte não faz sentido.

À Vocês duas, que naquele dia disseram sim e encararam conosco esse desafio que era e é manter uma Oficina Teatral em São Sebastião do Paraíso. À vocês que dividiram seu tempo já restrito pelos afazeres do cotidiano com nossa paixão por essa arte tão intensa. À vocês, por nos ensinarem não só o que é ser ARTISTA, mas principalmente o que é ser HUMANO.


KÁTIA MUMIC e EDYNA MALDI. À você duas, minha eterna gratidão.

Ana Paula Horta e Thiago Tanmaya, vocês sempre serão os primeiro irmãos em arte, pois sem vocês nada disso tinha começado.


Marcelo Oliveira, Lucas Logan, Danilo Roxette e João Roncatto. 
Vocês que mantiveram a oficina viva ao lado dessas duas guerreiras, se perpetuando por esses 20 anos, criando, gerindo, lutando... 

 

Vocês são meus heróis!

E que nesse mês de Maio, mais uma vez celebremos juntos o Chão e Chuva! A vida! A arte e o eterno reencontro!

MERDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!!!!!

Pra quem quiser conhecer mais dessa história aqui em baixo vão os links para essa aventura.






domingo, 21 de abril de 2013

UMNENHUMCEMMIL

Diário de EU sozinho fins de Abril.

Ontem fui assistir ao Espetáculo UMNENHUMCEMMIL de Luigi Pirandello com Cacá Carvalho no sesc de Copacabana.

Depois de uma hora e meia  imersa numa personagem complexa e intensa, num exercício reflexivo e ao mesmo tempo incansável. Cacá é um monstro! Saio do teatro com os olhos cheios dágua não só pela imersão e pela dor pungente de ser Humana, mas também pelo desabafo do ator que apesar de ser alguém em nosso meio, percebe a realidade cruel da Lei Ruanada e da exclusão de tantos artistas que não conseguem sobreviver em nosso país por conta de tudo o que já sabemos. E o que não sabemos mas terá sido o óbvio como diz Caetano.

Depois me encontrei com Marcos Fayad. Outro monstro! E lhe contei sobre a cremação do Pai e falei sobre como andava me sentindo por conta dos últimos acontecimentos. Ele sempre impagável e implacável!
Amo demais!

Essa semana foi marcada por muitos acontecimentos. Alguns muito bons outros nem tanto,outros muito ruins...enfim, como a vida deve ser.

Mas existe algo que me inquieta ao ponto de eu vir aqui escrever sobre. Recebi em minha timeline uma postagem sobre Poliamor enviada por uma pessoa que me dói de forma ridícula. Por que essa pessoa possui o amor de alguém que amo. Alguém que embora tenha vivido comigo nos últimos anos, nunca a esqueceu. Alguém que sempre a trouxe de tempos em tempos me fazendo enxergar o fato de eu não passar de uma muleta. Alguém não especial. Um nenhum. É muito ruim amar tanto e se ver como um ninguém. Ninguém em especial. 

Eu realmente amei muito a 4 pessoas nessa minha vida.

Foram 4 homens com os quais dividi minha cama e minha vida e com os quais fui imensamente feliz e  com os quais fui imensamente infeliz. Não exatamente nessa mesma ordem. 

E a única certeza que tenho, pelo menos de três deles, é que não fui um nenhum. Não fui um ninguém. Não estamos mais juntos é verdade, todos estão "bem" em suas novas vidas, mas sabemos quem fomos uns para os outros. E em momento nenhum desejei em meu coração que isso fosse diferente. Pelo contrário, desejei a todos eles que fossem imensamente felizes em suas novas jornadas. Principalmente por tanto amor que me deram enquanto estiveram comigo.

Então me vejo um nenhum, uma muleta, um ninguém. E isso dói. Por que não é a dor do "não te amo mais". É a dor do "nunca te amei de verdade".

Não desejo isso a realmente ninguém. E é justamente por isso que vejo esse poliamor de uma forma muito suspeita.

Acho difícil que três pessoas se amem desse forma. Acho que existe um desejo enorme de uma pessoa por duas a quem ela não quer escolher e a concessão das outras duas por amor. 

Em três: uma "ama" duas e duas fazem concessão. Claro e sempre, por amor. O Poliamor. 


Feliz da mulher que pode ter todos os seus amores numa mesma cama. Me lembra o egoísmo da mulher que desejou tão intensamente a desgraça de quem ela amava que a vida dessa pessoa ficou presa e estancada a esse amor. Altruísta? Não vejo onde.

Já estive com dois grandes amores em uma mesma sala durante toda uma noite. Não houve concessão. E justamente por amar os dois, não permitiria o sofrimento em nenhum deles. Os amei de forma a não machucar nenhum. E foi uma boa noite de sono para os três. 

O primeiro sabia que nossa história já havia acabado, o segundo sabia que a história anterior era belíssima e muito forte. Mas independente disto era com o segundo que eu estava. E isso havia sido minha escolha. E isso era mais forte. 

Seria lindo pra mim tê-los na mesma cama. Pra mim. Pra mais ninguém e nenhum dos dois.

De duas uma, ou eu deveria ser mais egoísta a ponto de desejar a desgraça a quem me fere e me lixar pros sentimentos de quem me ama ou talvez eu realmente esteja longe de saber o que é o amor. O poliamor então... hehehehe ai... a léguas... Também Já estive com mais de uma pessoa numa mesma cama, e pelo que vivi, em uma relação a três sempre existe alguém com o "coração" na mão.

É isso, uma modesta opinião de quem não descartou nenhuma das opções acima e está sempre disposta para o amor. Seja ele qual for, desde de que correspondido. hehehe 

Por que essa história de ser nenhum, um ninguém,  não está com nada né? 

Estou aqui para ser amada. A isso sempre direi sim!

Sim!

hehehehe....

Bora ao teatro ver os amigos!!!
Bom domingo!



quarta-feira, 17 de abril de 2013

se eu pudesse apagar...

Diário do Eu sozinho.
16/04/2013 dois dias após a missa de um mês.

Ok...

Eu realmente gostaria que este fosse o último post do diário do Eu sozinho. Talvez por que acreditasse em algum lugar que ele não estaria mais sozinho... ou que a necessidade de escrever sobre esse estado não fosse mais necessária.. ou.

Ok...


Hoje foi o dia da estreia do espetáculo mais difícil de toda a minha carreira de 20 anos...
Hoje eu me contorci em lágrimas incontrolavelmente durante a morte de minha personagem. (eu deveria estar morta, mas me contorcia...espero que ninguém tenha notado)...
Ah... é um vexame do início ao fim... nem sei o que me dói mais... a dor mesmo ou a vergonha...como gostaria de poder conversar com a Cacilda ou com a Cleyde Yakonis, recém falecida...

ah...

Dói ok? Dói!

Que merda!

Dói!
Por que amo. e as pessoas se foram, as pessoas morreram e eu estou aqui. firme que nem uma pedra, mas sangrando. Muito!

Elas não sentem mais... Elas realmente não sentem mais nada... mas eu sinto. Eu sinto...
Uma pena enorme sentir o que sinto... mas sinto muito.

Deus...como eu gostaria de não sentir mais nada... absolutamente NADA!

Nem amor, nem dor, não vai dar mais pra chorar nem pra rir...

Que vergonha. Odeio expor minha fraqueza como coisa barata...
Por que ela é caríssima...
Caríssima.

Que essa tenha sido a última vez que tenham me visto chorar dessa forma. As pessoas que me viram chorar hoje não mereciam uma única lágrima minha. Nem por valor, nem por dor, nem merecimento ou vontade. Cheguei em casa hoje com vergonha. De mim. Do que sinto.

Amanhã será um novo dia... espero que eu também.






terça-feira, 9 de abril de 2013

Enfim...


Pedalando entre
As correntes escuras
Eu encontro uma cópia fiel
Um rascunho
Do prazer em mim

Lírios pretos girando totalmente maduros
Um código secreto esculpido
Lírios pretos girando totalmente maduros

Ele oferece um aperto de mão
Entortados, cinco dedos
Eles formam um padrão
Ainda a ser descoberto

Na superfície, simplicidade 
Mas a cova mais escura em mim
É poesia pagã

Sinais de código morse
Eles pulsam e me fazem despertar
Da minha hibernação

Na superfície, simplicidade
Mas a cova mais escura em mim
É poesia pagã

Eu o amo

Desta vez
Eu vou manter isso para mim
Desta vez
Eu vou me manter toda para mim
E ele faz eu querer me ferir de novo




Nothing else to declare...

terça-feira, 2 de abril de 2013

Que vejo flores em você...

Diário do Eu sozinho 02-03/04/13

Meus dias estão cada vez mais confusos...

Hoje reencontrei uma pessoa muito especial pra mim. Depois de anos sem conversar, nem trocar muitas palavras o universo nos fez reencontrar sem aviso prévio ou programação.

A agenda segue corrida e depois de uma receita nada básica de dieta alimentar pra mamãe, a vida por aqui ficou um pouco mais agitada. Nada de óleo nem outro tipo de gordura vegetal ou animal na comida...

Exames, dentista, retornos, videntes, reencontros, cachorro... enfim, o dia começa as 6 e termina as 2 e durante todo esse tempo, o tempo de olhar pra mim é mínimo e é como se a vida dissesse:

- Não pára agora não... depois você pensa, depois vc sente...

Me sinto é meio atropelada...

Ok...

Nesses dias descobri que não vou conseguir me virar sem sobrepor marcas. Leia-se:

- Para curar um amor Platônico nada melhor que uma trepada Homérica.

Descobri também que os primeiros dias de volta ao Rio serão no mínimo caóticos, já sei que irei adentrar um lar completamente novo e creio que ele já está sendo preparado pra mim.

Descobri também que vou ter certa dificuldade em retomar o trabalho, mais ou vai ou racha e como não podemos rachar, vai assim mesmo. Tá chegando a hora de encarar isso tudo de frente e se todo o trabalho que tive me fortalecendo durante essas semanas não servir de nada, é simplesmente por que não serviu de nada e não vai me servir de nada ficar lamentando isso.

Estou disposta a baixar minha cabeça e me curvar de uma vez por todas ao universo sábio que nos rege e deixar que enfim ele me conduza por esse novo caminho que vem se desenhando estranhamente a minha frente. Mas claro, assumindo a responsabilidade pela minha própria vida.

Sigo com medo, com cautela, com cuidado, com tesão por quem não devo, com saudade, com força, com frio na barriga de nervoso, com gagueira, com teimosia, com o pé direito e depois o esquerdo. Mas mais que tudo, sigo com fé de que tudo o que vier será benéfico a mim por mais que eu não consiga entender. E por isso, sigo com gratidão.

Agradecida
Agradecida
Agradecida

Agora volto a estudar lingam e pesquisar receitas hipocalóricas pra mamãe. Aprimorando o ato de comer.
Assim caminhamos mais saudáveis.


Interlúdio poético


Diário do Eu sozinho



Logo que começo a despertar das renúncias,
Recém renascida,
Me vejo nua.
Construção a ser reerguida.
Passo a segunda fase dessa metamorfose.
Me encontro num Limbo.
O caminho a se percorrer ainda é longo.
Jornada de dias e noites a fora me aguardam.
Até que enfim eu possa olhar e ver refletida novamente,
uma imagem que eu reconheça como minha.
Enquanto as árvores se preparam para perder as folhas e adentrar o inverno,
neste outono que se inicia faço as vezes da Paineira.
Floresço em tons de lilás e branco pra depois retornar o amarelo.
Hei de colher frutos macios que recostem minha cabeça enquanto embalo doces sonhos neste inverno.
Bem vindo Outono.
Bem vinda a Florada das Paineiras!!!

Interlúdio musical...que puxa...


Diário do Eu sozinho 02/04/13


Quando ouvi essa música pela primeira vez eu não tinha idéia de que algum dia ela diria tanto pra mim.
Não gostaria que fosse assim, mas como cultivar uma amizade estando tão frágil???
Assunto para os próximos tópicos e posts...

Jardinagem em campos áridos.

Por enquanto vou tocando essa musiquinha e tentando manter a vibração leve.  


Somebody That I Used To Know (feat. Kimbra)

Now and then I think of when we were together
Like when you said you felt so happy you could die
Told myself that you were right for me
But felt so lonely in your company
But that was love and it's an ache I still remember

You can get addicted to a certain kind of sadness
Like resignation to the end, always the end
So, when we found that we could not make sense
Well, you said that we would still be friends
But I'll admit that I was glad that it was over

But you didn't have to cut me off
Make out like it never happened and that we were nothing
And I don't even need your love
But you treat me like a stranger and that feels so rough
No, you didn't have to stoop so low
Have your friends collect your records and then change your number
I guess that I don't need that though
Now you're just somebody that I used to know
Now you're just somebody that I used to know
Now you're just somebody that I used to know

Now and then I think of all the times you screwed me over
But had me believing it was always something that I'd done
But I don't wanna live that way, reading into every word you say
You said that you could let it go
And I wouldn't catch you hung up on somebody that you used to know

But you didn't have to cut me off
Make out like it never happened and that we were nothing
And I don't even need your love
But you treat me like a stranger and that feels so rough
No, you didn't have to stoop so low
Have your friends collect your records and then change your number
I guess that I don't need that though
Now you're just somebody that I used to know

Somebody, I used to know
Somebody, now you're just somebody that I used to know
Somebody, I used to know
Somebody, now you're just somebody that I used to know

I used to know
That I used to know
I used to know
Somebody

Alguém Que Eu Costumava Conhecer (part. Kimbra)

De vez em quando eu penso em quando estávamos juntos
Como quando você disse que se sentia tão feliz que poderia morrer
Eu disse a mim mesmo que você era certa para mim
Mas me sentia tão sozinho em sua companhia
Mas aquilo era amor e é uma dor que eu ainda me lembro

Você pode ficar viciado a um certo tipo de tristeza
Como uma negação ao fim, sempre o fim
Então, quando descobrimos que não fazíamos sentido
Bem, você disse que ainda seríamos amigos
Mas eu admito que eu estava feliz que tudo tinha acabado

Mas você não precisava me afastar
Agir como se nada tivesse acontecido e que o que vivemos juntos não foi nada
E eu nem sequer preciso do seu amor
Mas você me trata como um estranho e isso é tão rude
Não, você não precisava se rebaixar tanto
Mandar seus amigos pegarem seus discos e depois trocar de telefone
E eu acho que não preciso disso, embora
Agora você será apenas alguém que eu costumava conhecer
Agora você será apenas alguém que eu costumava conhecer
Agora você será apenas alguém que eu costumava conhecer

De vez em quando eu penso em todas as vezes que você me ferrou
Mas me fez acreditar que era sempre algo que eu tinha feito
Mas eu não quero viver desse jeito, interpretando tudo que você diz
Você disse que poderia deixar isso passar
E eu não te deixaria preso a alguém que você costumava conhecer

Mas você não precisava me afastar
Agir como se nada tivesse acontecido e que o que vivemos juntos não foi nada
E eu nem sequer preciso do seu amor
Mas você me trata como um estranho e isso é tão rude
Não, você não precisava se rebaixar tanto
Mandar seus amigos pegarem seus discos e depois trocar de telefone
E eu acho que não preciso disso, embora
Agora você seja apenas alguém que eu conhecia

Alguém que eu costumava conhecer
Alguém, agora você será apenas alguém que eu costumava conhecer
Alguém que eu costumava conhecer
Alguém, agora você é apenas alguém que eu costumava conhecer

Eu costumava conhecer
Que eu costumava conhecer
Eu costumava conhecer
Alguém

Páscoa em trabalho de parto

Diário do Eu sozinho 31/03/13
Diário do Eu sozinho 01/04/13


Do renascimento ao dia da mentira...


Ok...
Vou ser breve.

Meu trabalho de parto foi realmente intenso, mas sinto que no fringir dos ovos, ou melhor, no romper do hímem, minha situação continua precariamente frágil...

Depois de um um dia pensando em borboletas saindo do casulo e em Náiades (referência direta de Oxum ) fui pêga de surpresa pelo Face que me trouxe o contato direto de alguém cuja ausência eu trabalhei continuamente durante todos esses dias. Num passe de mágica toda a minha reelaboração foi pro espaço e meu corpo sem nenhuma vergonha mostrou toda a minha pungente fragilidade. 

Respiração encurtada, mãos geladas e braços dormentes, boca seca, nó na garganta, fora o estômago completamente maluco.
Trêmula, tentei ser o mais sincera possível, e ao mesmo tempo agradável. Mas tudo aquilo me foi tão desagradável como alguém que quer ser notado pelo brio da roupa nova e é notado pela lama nos sapatos. Impossíveis de serem limpos em tão pouco tempo...

Fiquei sem chão... 26 dias de trabalho árduo e meu corpo dói... minha pele ainda se lembra. Tem saudades, sofre  e chora por dentro, num vazio oco e frio.

Difícil é se resignar e aceitar que minha pele tem outro tempo, não o que eu quero. Ela ainda se lembra e é dessa pessoa que sente falta. Como uma criança que tem desejo por algo que só pode ser aplacado por esse algo. Não basta o semelhante, ou o sinônimo. 
Não há outro meio a não ser cobrir a marca e sobrepor outro cheiro, outro tato.
Criar outras marcas por sobre esta. 

Hoje soube que em "ATravessia das Feiticeiras" Taisha Abelar escreve que quando dois seres trocam suas energias, o corpo leva até 7 anos para se desfazer desses registros. Ouvindo isso eu suspirei fundo e pensei... pronto... 7 anos... Realmente, eu nem tinha me livrado dos registros anteriores... Como eu poderia controlar determinadas sensações???

Parece um redemoinho energético sem fim...

Realmente... depois de meses repetindo finalmente a palavra escolhida para os próximos meses parece ser realmente.

Acho que estou caindo na real.

Não vai dar pra passar mais ilesa do que isso.

A realidade é essa. Ou eu transformo esse registro, mesmo que embaralhando essa memória, ou vou sentir essa presença durante os próximos 7 anos.

Agora entendo por que não nos mantemos sozinhos por muito tempo. Existe uma falta que é quase insuportável. 
É fisica, mas não me refiro apenas ao ato sexual, é de toque, de afeto, de presença...

Chego ao fim do domingo bem  chateada...

O meu primeiro de abril será uma frase estampada com letras em caixa alta:


- EU SUPEREI MINHA SEPARAÇÃO E ESTOU ÓTIMA!!!

com o seguinte post scriptum logo abaixo...

ps: primeiro de abril....



segunda-feira, 1 de abril de 2013

27-28-29 e 30... ufa!

Diário do Eu sozinho 27-28-29-30-31/03/13


Das celebrações, introspecções e induções que me levaram enfim ao trabalho de parto neste domingo de Páscoa.

Esta última semana foi algo muito corrido em Paradise city, além dos céus escandalosamente belos que pude presenciar, o clima permaneceu ameno, o que me permitiu boas caminhadas pela cidade dos Ipês.


27-28/03


Resolvi cuidar de minha saúde e aproveitei o tempo para marcar médicos. Dos três que gostaria de ver, consegui apenas o cardiologista. E mesmo os exames estão difíceis de conseguir... 
Mas vamos que vamos que a vida continua pulsando e se nega em parar. Ainda bem eu diria. Pois o tempo é o melhor de todos os Bálsamos.

Esses dias assistindo a cine cult pegamos um filme chamado Papai Batuta, uma produção de 1950 muito divertida e com fim não muito previsível. Aliás o Pai morre.



Devo admitir que a sensação ao ver o filme foi estranha. O luto pelo pai é ainda muito recente, mas mais incrível é a percepção de que a vida não mudou muito com o falecimento dele. Dado a sua frequente ausência a saudade é mais atenuada por que sempre fomos acostumados a passar anos sem vê-lo. Talvez ainda não tenha me tocada de que é pra sempre. Mas não sei, não é o falecimento dele que me implica. Sou eu mesma. Estou fazendo um exercício constante de auto análise e reflexão e tentando me reconstruir depois de todas essas mudanças. Tenho tido tempo para observar as pessoas que me cercam e ler muita literatura auto-ajuda... Mamãe coleciona "Bons Fluidos", aliás fui eu quem a apresentou ao periódico que ela gosta muito de ler. Já estou praticando Ho`oponopono a alguns dias e realmente funciona.

29/03/13


Sexta a noite resolvi que já era hora de beber!!!
Resultado...

                    Ressaca!!!Muita...física e moral...  Falei um monte de merdas das quais me arrependi depois. Minha ira resolveu se manifestar na hora errada com as pessoas erradas... não foi muito legal, mas bom pra perceber que estou mais sem paciência do que antes pra determinados tipos de provocações. Fica a dica, se você não é um amigo íntimo e se eu não lhe dei liberdade pra tal, não me provoque. Quem fala o que quer, ouve o que não quer.

30/03/13



Depois de beber do jeito que bebi, acordei meio avessa no sábado de aleluia com a chiquita despertador- latidor na minha cama... não é bem essa imagem não, mas como é poética vai essa mesmo que ainda tô sem câmera pra registrar esses momentos, aliás, quem quer registrar uma manhã de ressaca???

Seguindo o plano fomos nos embelezar, digo fomos por que minha irmã e minha mãe, cada uma no salão de sua preferência, fizeram os cabelos e as unhas para o casório que aconteceria mais tarde. Eu resolvi fazer a cabeça e fui a té a casa da minha primeira professora de teatro fazer uma visita surpresa e conversar sobre a vida. A dela e a minha. Sobre o que escolhi e como tenho vivido, e ela sobre como ela viveu nesses anos em que estive fora.

A Oficina Sebastião Furlan, que ajudei a fundar em meados de 1993  completa este ano 20 anos de trajetória e para sua comemoração eles irão remontar "Chão e chuva" de Sebastião Furlan. A outra diretora, me ligou na quinta para me convidar a ir visitá-los na Oficina. E me disse que gostaria que eu participasse de alguma forma, nem que vindo assistí-los no fim do ano. Fiquei veramente emocionada, com eles completo 20 anos de carreira. Pra quem têm 33 anos isso é bem significativo. São vinte anos respirando teatro, estudando, aprendendo, errando e acertando, vivenciando, sorrindo, chorando, sofrendo, lutando e gozando de uma vida artística por mais complicada que às vezes ela parece ser. A essas duas grandes mulheres Guerreiras a minha modesta homenagem. Sem vocês nada do que vivi nestes últimos 20 anos seria possível!



Reconhecimento? Dinheiro? Estabilidade? Emocional ou financeira? heheheh... das duas prefiro a primeira, aliás, essa não há dinheiro que compre. De verdade, não há. Artificialmente tudo é possível... esse tipo de felicidade se compra na farmácia, mas a que eu estou falando é uma serenidade de quem tem a vida cheia e inteira. Sou imensamente grata ã Edyna Maldi e a Kátia Mumic por tudo o que me ensinaram e por tudo o que vivemos juntas.



Dali a algumas horas, quase que atraso todo mundo pra festa...heheheh, voltei pra casa e comecei a me arrumar e tenho a vaidade de dizer que a muito não me sentia tão linda... Acho que nunca fiz um penteado como o que fiz para o casório...  e digo mais, nenhum cabelo de salão foi páreo pro meu. hehehe. Bobagens a parte, me senti linda e isso me fez muito bem. Me senti admirada e isso me fez muito bem. 
A vaidade feminina que por tanto tempo andou em terceiro plano voltou a dar o ar de sua graça e realmente tive o desejo de ser notada .
Unhas vermelhas nos pés e nas mãos, pele macia, perfumada. Cabelos cuidadosamente arrumados com presilhas delicadas, meia de seda e salto alto de camurça preto, tal qual o que sempre gostei de usar. Rosto bem cuidado, olhos vibrantes e boca vermelha. realmente digna de uma Pin Up.


A celebração foi tão linda que quase tive vontade de me casar de véu e grinalda e tudo...
Mas a vontade passou e antes que a melancolia me pegasse de quina, fui pra pista de dança e me acabei!!!
Tudo na celebração (tirando uns detalhes do sermão do Pastor) foi impecavelmente belo! Tudo tão lindo e gostoso... Fiquei imensamente feliz com a realização de minha prima que se esmerou em todos os detalhes. Foi ela quem fez Tudo. Minha família têm dessas. E realmente, tudo estava perfeito!
A comida deliciosa, os doces maravilhosos, a bebida muito bem servida, as músicas super dançantes! Foi uma noite memorável. Só gostaria de ter me acabado mais, mas por conta do estado de saúde da mãe, voltamos cedo.


31/03/13


Enfim, chegamos ao fim de março.
Graças!!! Oh graças!!!
Domingo de Páscoa.
No próximo post, o trabalho de parto, o renascimento e meu primeiro dia de vida nova...
será que é mentira???

terça-feira, 26 de março de 2013

Decifro-te!



Diário do Eu sozinho 26/03/13
Quase lá...

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Lembrando a máxima “decifra-me ou te devoro” proferida pela esfinge, começo a perceber a pérola que ganhei dos céus ao vir para Paraíso.
Ao começar este diário escrevi que havia achado o máximo a ideia de Jane Fonda a respeito dos 3 atos da vida e como o conhecimento do passado pode nos ajudar a pensar nosso presente e consequentemente fazer opções diferentes para o futuro.

Quase duas semanas depois me cai finalmente a ficha de que é exatamente isso que estou tendo a oportunidade de fazer. Começo a enxergar nas entrelinhas as dádivas que recebemos e não aproveitamos por não entender. O Apego pela perda do companheiro, seguida pela perda do pai foram tamanhas que não consegui deixar ir. Não consegui enxergar que o que me estava amargurando era o apego a vida que eu antes levava. Sem conseguir enxergar as novas possibilidades que se abriram agora.

Enfim, não conhecia o significado desta música de Yael Naim, mas ao ouvi-la hoje resolvi ir atrás de sua tradução e era isso o que estava procurando pra traduzir o que estava em meu coração.

Esta eu dedico ao grande homem em minha vida que foi meu Pai.
Esta eu Dedico ao grande homem que escolhi pra ser pai de meu filho,
Mas que assim como o primeiro, meu modo de amar se incumbiu de afastar.



Levater (hebraico)
Kama keasim shamarti bimyuchad lecha
Ata yakar li
Kama merirut asafti bimyuchad bishvilcha
Ata hachi yakar li

Ratsiti ladaat levater lecha

Kama machshavot preda sin'a betoch kol ze
tsomachat lanu ahava
Kama sipurim leorech hashanim im rak yadati kama
ani shkufa lecha

Ratsiti ladaat leshaker lecha

Kama peamim salachta li
Haim ani salachti gam lecha
Davka hamilim habehirot hechliku li mimeni mitachat lasafa

Ratsiti ladaat ledaber itcha
Ratsiti ladaat lesaper lecha
Ratsiti ladaat lihiyot lecha
Ratsiti ladaat leragesh otcha
Ratsiti ladaat leehov otcha

Renunciar
Quanta raiva eu guardei especialmente por você
Você me é precioso
Quanta amargura eu acumulei por você
Você é o que há de mais caro

Queria aprender a renunciar a você

Quantos pensamentos,
Separação, ódio, mas em tudo isso florece o amor
Quantas histórias ao longo dos anos, se ao menos eu tivesse sabido
Até que ponto eu te sou transparente

Queria ter sabido mentir para você

Quantas vezes você me perdoou
Será que eu  também te perdoei?
São exatamente palavras claras que me escaparam da boca

Queria ter sabido falar com você
Queria ter sabido te contar
Queria ter sabido ser por você
Queria ter sabido te emocionar
Queria ter sabido te amar


Desapegos à parte acho que enfim consegui dizer adeus e renunciar. Consegui entender o enigma da esfinge e fazer uma leitura mesmo que perneta de tudo isso que me acometeu nesses últimos dias...
Estou recebendo uma chance de fazer este segundo ato da minha vida ser realmente diferente do que presenciei em casa nestes últimos anos, tendo a oportunidade de encarar o drama existencial que tenho representado continuamente nos passados 33 anos que me trouxeram até aqui.


É uma oportunidade riquíssima e quase que perco a noção por estar tão apegada ao que já conhecia, que deixaria tudo escorrer pelas mãos, parada em uma estação onde nenhum trem mais vais chegar. De onde caminho nenhum segue. É uma estação final. Agora é necessário pegar ou deixar as malas e seguir a pé por entre as nuvens até o Paraíso e caminhar pela terra vermelha e olhar as coisas e pessoas nos olhos da alma de quem busca. 

Até a próxima queridas esfinges.
Que em nosso próximo encontro, por que sim, vamos nos encontrar de novo, eu esteja mais serena e mais plena de mim mesma.

Encerro a postagem de hoje com outra  música chamada Paraíso e tem a ver com a menina/Larva que acaba de se transformar no casulo. 
Uma nova mulher está prestes a romper a película que a separa de um novo mundo.



Funciona assim, você aperta o play nessa música aqui e 
viaja nessa imagem daqui... hehehee
Paradise.


Buenas noches muchachos!!!