terça-feira, 3 de janeiro de 2012

E...

Hoje meu dia não foi tão produtivo quanto o 2º dia do ano, em que fui à reuniões, consultas médicas, treinamentos funcionais e fisioterapias afins... Ainda cozinhei e joguei vídeo game. Não. Hoje o dia foi mais filosófico e intelectualizado. Estudei alemão, terminei a pesquisa sobre as origens do jogo de Tarot para Dante's Purgatorio e passei uma boa parte do dia lendo à respeito de teorias que discutem a origem da moralidade humana totalmente dissociada da religião. Se todo espetáculo que começamos nos oferecesse esse tempo de pesquisa e discussão, tenho certeza de que a nossa classe artística seria no mínimo diferente. Ao Passo que nenhum de nós pode se dar muito ao luxo de passar de 4 a 6 horas por dia estudando ou praticando alguma habilidade física. Quem dirá um instrumento musical ou sua própria voz...


Temos normalmente que executar tarefas que nos são tão alienígenas quanto prum astrônomo entender de cultivo de diferentes tipos de fungos (a não ser que este seja o Hobby dele e ele tenha uma estufa no fundo do quintal para cultivar os bichinhos..rsrsrs). Mas estou me referindo a falta de estrutura em que trabalhamos e a forma como estamos organizados, obrigando-nos invariavelmente a desempenhar funções que não são de nossa alçada, ou às vezes, de nossa capacidade. Eu pelo menos não conhece nenhum musicista cujo Hobby seja contabilidade...
Brasileiros que somos, nos adaptamos às diversidades e desenvolvemos um jogo de cintura absurdo para abarcar diversas etapas de uma produção artística. Mas a realidade é que isso torna nosso trabalho muitas vezes inferior, digo muitas vezes e não sempre pois existem produções brasileiras com poucos recursos fantásticas graças a Hiper criatividade de seus criadores. Mesmo assim, não são poucos os exemplos que temos de produção cultural estrangeira hoje em dia, é só observar os créditos de um filme ou um programa de um espetáculo teatral como do Theatre du Soleil. A equipe responsável por aquilo é enorme e conta com profissionais especializados para cada área do produto cultural em questão. Cito ainda o filme "Coraline" , quem assiste ao making-of fica abobalhado ao ver que existe um profissional por trás de cada detalhe, um responsável pelos olhos do personagem x, outro pelas luvas da personagem y, outro só pra fazer os movimentos das flores do jardim na cena W e assim por diante. O que quero dizer com tudo isso é que essa história de atuar, dirigir, produzir, captar, vender, servir cafezinho, prestar contas e atender o telefone, tudo ao mesmo tempo podia dar certo com o Procópio Ferreira que era um Gênio e vivia em outra época muito diferente da nossa diga-se de passagem, mas que pra mim não têm funcionado muito bem não e a cada dia que passa tenho mais certeza ainda que a melhor forma de se trabalhar é com cada macaco no seu galho, unindo forças, somando recursos, com os pés no chão, olhar à frente, coluna ereta, mente aberta e coração tranquilo. Afinal de contas, se não podemos atuar com o que nos propomos por estarmos sempre às voltas com o que não queremos de que nos adianta permanecer?
Como iniciei lá em cima o dia hoje foi mais filosófico que produtivo.

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